Skip to main content

Pesquisas na França e na China demonstram a eficácia do medicamento que originalmente foi usado para combater os efeitos da malária. Cientistas pedem “prudência”.

Um remédio largamente usado para o tratamento da malária e também contra artrites reumatoides está sendo apontado por gigantes da indústria farmacêutica como um poderoso aliado no combate à COVID-19. Trata-se do medicamento que no Brasil é conhecido como Cloroquina. Detalhe: o fármaco é tão antigo (tem mais de 70 anos) que sua patente é livre. Ou seja, é barato e pode ser produzido, vendido e distribuído com facilidade.

Na França, o professor Didier Raoult, especialista em doenças infecciosas e diretor do Instituto Mediterrâneo de Infecção de Marselha, realizou uma pesquisa em 26 pacientes contagiados com COVID-19. Seis dias após terem começado a tomar o antimalárico, o vírus havia desaparecido em 75% deles. Ou seja, um resultado excepcional diante do caótico quadro da doença no planeta.

“Apesar do tamanho pequeno da amostra, nossa pesquisa mostra que o tratamento com hidroxicloroquina está significativamente associado à redução/desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19 e seu efeito é reforçado pela azitromicina”, afirmou o estudo.

Depois que os primeiros testes indicaram que a Cloroquina dá bons resultados contra a COVID-19, o grupo francês Sanofi anunciou na quarta-feira, 18, que vai disponibilizar imediatamente milhões de doses do remédio antimalária Plaquenil (a Cloroquina no Brasil). Segundo o laboratório francês, o volume oferecido pode tratar potencialmente 300 mil casos de doentes com o novo coronavírus.

“Evidências iniciais sugerem que a cloroquina – um medicamento antimalárico barato – pode funcionar tão bem, se não melhor, quanto o remdesivir, um medicamento de propriedade da Gilead, que está passando por testes clínicos para o tratamento do coronavírus”.

O Axios, um dos mais importantes jornais digitais dos EUA, cita ainda dois pontos importantes:

Um estudo publicado na Nature descobriu que “o remdesivir e a cloroquina são altamente eficazes no controle da infecção por 2019-nCoV in vitro”.

“A cloroquina não deve ser deixada de fora da discussão das terapias candidatas ao COVID-19 e pode realmente estar liderando o grupo”, escreveu Raymond James em uma nota de pesquisa no início deste mês.
Sempre com o cuidado peculiar às pesquisas científicas, as autoridades francesas sustentam que novos testes serão realizados por uma outra equipe independente. “Por enquanto, não temos nenhuma prova cientifica de que o tratamento funcione”, antecipou a porta-voz do governo da França, Sibeth Ndiaye.

“Vários especialistas pedem prudência enquanto pesquisas mais aprofundadas não comprovem a eficácia efetiva da cloroquina contra o coronavírus. Eles alertam sobretudo para os efeitos secundários do remédio, principalmente em casos de um uso excessivo”, aponta uma reportagem da Rádio França Internacional (RFI).

Veja a seguir outro trecho da reportagem da RFI ao detalhar a “Pesquisa Chinesa” a respeito do uso da Cloroquina para tratamento de infectados pelo coronavírus.

“Um primeiro estudo clínico foi realizado e publicado por três pesquisadores chineses na revista BioScience Trends. A pesquisa chinesa foi feita em mais de 10 hospitais de Wuhan, berço da epidemia de Covid-19, Pequim e Xangai, para medir a eficiência da cloroquina no tratamento de pneumonias associadas ao coronavírus.

“Os resultados obtidos até agora, em uma mostra de mais de 100 pacientes, demonstraram que o fosfato de cloroquina é mais eficaz que o tratamento recebido por um grupo comparativo para conter a evolução da pneumonia”, diz o estudo. Também para “melhorar o estado dos pulmões, para que o paciente volte a ter resultado negativo ao vírus e para diminuir a duração da doença”, completa. O artigo foi assinado pelos professores Jianjun Gao, Zhenxue tian e Xu Yang, da Universidade de Qingdao e do Hospital de Qingdao.

“Nós já sabíamos que a cloroquina era eficiente in vitro contra o novo coronavírus. A avaliação clínica na China confirmou”, explicou na época o professor Raoult. “Talvez o tratamento dessa infecção seja o mais simples e mais barato de todas as infecções virais”, afirma o pesquisador, envolvido na detecção do novo coronavírus na França.

O texto da Rádio França Internacional aborda também o “baixo custo” do fármaco que no Brasil pode custar entre R$ 60,00 e R$ 80,00 reais.

A cloroquina é um medicamento de baixo custo e sem risco, utilizado há mais de 70 anos. De acordo com os pesquisadores chineses, um tratamento de 500 mg de cloroquina por dia durante 10 dias seria suficiente. “Esse tratamento, que não custa praticamente nada, é uma notícia é extraordinária”, disse o professor Raoult, para quem o antimalárico deve ser privilegiado à margem da vacina, que demoraria mais a ser disponibilizada.

O laboratório francês Sanofi também trabalha no desenvolvimento de uma vacina e anunciou na última sexta-feira (13) a criação de um fundo para apoiar os esforços de pesquisas das equipes dos hospitais públicos de Paris na luta contra o coronavírus.

Apesar de promissora, a droga ainda precisa de mais testes clínicos antes de ser distribuída amplamente para a população de forma segura. Por isso, Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pediu que a Federal Drug Administration, análoga à Anvisa brasileira, seja ágil com o processo de testes e aprovação do medicamento.

Outro medicamento que tem se mostrado promissor contra o novo coronavírus é o remdesivir. Porém, por ser um medicamento experimental, não se espera que ele esteja amplamente disponível para o tratamento de um grande número de pessoas tão cedo quanto a hidroxicloroquina. A farmacêutica americana Gilead detém a patente do remdesivir.

Os medicamentos anti-virais lopinavir e favipiravir chegaram a ser considerados como drogas em potencial para tratar a Covid-19, mas um estudo divulgado na noite de ontem mostrou que elas são ineficazes. Com isso, os esforços dos cientistas de todo o mundo agora se voltam à hidroxicloroquina.

Por conta da falta de aprovações clínicas do uso da hidroxicloroquina, a automedicação não é recomendada por médicos e pesquisadores.

Com informacões Fábio Campos
fabiocampos@focus.jor.br

e Por Lucas Agrela Portal exame.abril.com.br  em 19/03/2020.

Deixe um comentário