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A estabilidade dos probióticos é particularmente importante, principalmente quando se fala em suplementos nutricionais, uma vez que esses produtos são geralmente armazenados em temperatura ambiente por longos períodos, em comparação aos produtos lácteos que são resfriados e consumidos muito mais rapidamente.

Faço esse link, nesse momento, aos produtos lácteos, porque para a população em geral essa é a forma alimentar mais frequentemente consumida.

A estabilidade é crucial quando estamos nos referindo aos probióticos.

Não porque para os demais produtos manipulados não seja.

O fato é que as bactérias probióticas precisam estar vivas quando consumidas e, de acordo com a própria definição

“probióticos são micro-organismos vivos cuja ingestão traz benefícios à saúde”

por aí já dá para ter uma ideia de como esses agentes precisam estar. Vivos!

 

Conheça os 3 principais fatores que influenciam na estabilidade dos probióticos

  1. Água;
  2. Temperatura;
  3. Oxigênio.

Quando os probióticos são submetidos à alta umidade, altas temperaturas e ao oxigênio as bactérias começam a morrer e, por esse motivo, faz-se necessário controlar todas as etapas do processo de manipulação, de forma que sejam garantidas as condições ideais de estabilidade.

 

Diferenças entre os fabricantes e fornecedores

Sim, é gigantesca a diferença entre a qualidade dos probióticos, dependendo da empresa que os comercializa.

As empresas conscientes com todos esses problemas de estabilidade trabalham continuamente com a pesquisa e desenvolvimento de sua cepas probióticas para que a vida útil dos micro-organismos seja maximizada e que esses possam tolerar condições mais estressantes, como alta temperatura por período prolongado, proporcionando assim maiores oportunidades ao mercado.

Para você ter ideia, alguns fabricantes garantem a viabilidade dos probióticos durante 3 anos, mesmo armazenados sob temperatura de 30ºC.

Agora, quanto a validade do probiótico que você tem adquirido em sua farmácia de manipulação? Só Deus sabe?

 

Procure saber a origem

Alguns fabricantes de probióticos garantem que suas cepas sejam altamente viáveis.

Agora imagina a situação: você compra uma cepa de Lactobacillus acidophillus com 100 bilhões de UFC/g.

Depois de alguns meses, aquilo que tinha 100 bilhões tem apenas 1 bilhão de UFC/g.

Você se assustou com a informação?

Agora imagine-se na minha situação como consultor farmacêutico, atendendo centenas de farmácias de manipulação todos os meses e com essa dúvida frequente: “os probióticos precisam ser armazenados em geladeira?”.

Como ocorreu o transporte desses lactobacilos desde a sua produção até chegarem aqui no Brasil?

Como foi o armazenamento?

Quais as condições ambientais?

 

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A primeira tarefa para você saber algo sobre o probiótico que você está adquirindo é você saber quem é o fabricante do mesmo.

Por que isso?

Simplesmente porque têm empresas que sabem como fazer com que os micro-organismos sejam protegidos.

É quando você lê algo como “revestido com X”, “ensaios de estabilidade em temperatura ambiente”.

Diversas técnicas de liofilização e secagem também promovem melhorias adicionais.

Até mesmo a adição de certas vitaminas e extratos vegetais são capazes de fazer isso (nós mesmos aqui na Pharmaceutical há pelo menos 6 anos já repassamos aos nossos clientes os excipientes ideais para veicular esses micro-organismos e melhorar a viabilidade das cepas probióticas).

E eu não paro por aí: açúcares e pré-bióticos também vão ajudar nessa e geralmente são empregados na etapa de liofilização, auxiliando tanto como estabilizantes para as bactérias quanto como adjuvantes farmacêuticos para a atuação gastrointestinal desses micro-organismos.

Tem até um estudo super recente (Abril de 2019), publicado por pesquisadores brasileiros que empregaram a polpa de cacau congelada na melhora da estabilidade de produtos não lácteos.

 

Agora…isso é o suficiente?

Minha resposta é: não!

Sua segunda tarefa é saber exatamente da data de produção e o laudo de teor original da cepa.

Feito isso, antes de adquirir, solicite a cópia do laudo de análise desse mesmo lote (incluindo sua data de análise) e comparando as diferenças entre o teor relatado e o teor obtido nas análises.

É normal que o resultado obtido aqui no Brasil seja diferente.

Mas, é esse valor “diferente” que deve ser utilizado como o parâmetro de teor para você, nesse momento.

Seu fornecedor não quer fornecer? Seu distribuidor não possui esses dados?

Muito bem. Nesse caso, é sua a consciência em entregar um produto ao seu cliente que possivelmente não vá funcionar.

 

Você não está dispensando simplesmente um iogurtinho com probióticos a mais.

Você já chegou a pesquisar no PubMed a quantidade de estudos publicados que usam os probióticos para tratamentos de patologias?

Não estou falando apenas de doenças digestivas e intestinais. Não é o clássico tratamento de redução do número de dias com diarreia.

Estou falando de doenças sérias.

Você trataria a depressão de alguém próximo com um medicamento abaixo da dose? Algum paciente com Alzheimer? Aquela sua cliente com colite ulcerativa? Ou a sua mãe com vaginose bacteriana?

Nem preciso pensar muito. Se você for um farmacêutico ético, a resposta precisa ser não!

Agora, como que é possível comercializar um probiótico sem saber a sua real dosagem, ou relação de UFC/g real?

“-Marlon, já verifiquei e os meus probióticos são de uma boa empresa, possuem os critérios necessários para que fiquem viáveis e não sofram tanta interferência dos fatores críticos para a estabilidade”.

 

O que eu faço agora? Os probióticos precisam mesmo ser armazenados em geladeira?

Novamente eu respondo. Depende. Mas, presta bem atenção no que vem a seguir.

  1. Qual a sua região geográfica e quais são as temperaturas médias registradas? Quando eu falo isso não estou me referindo aquela temperatura maravilhosa e idealmente controlada que está no seu laboratório nesse momento. É a temperatura da vida lá fora. Eu tenho uma cliente muito querida em Maceió. Pode ser inverno e aqui em Floripa estar 5ºC. O que eu respondo a ela? Geladeeeeeeeira!! Sempre!
  2. Qual a forma farmacêutica empregada? Formas farmacêuticas secas, aquelas livres de água ou qualquer agente molhante sempre garantirão mais tempo de vida para esses bichinhos, que não se estressarão facilmente e continuarão viáveis.
  3. Essa história de geladeira também não é crucial para todas as cepas. Eu poderia listar, exatamente, aqueles que precisam e aqueles que não. Mas, como funciona na sua farmácia de manipulação? Eu sei que é bem comum uma mistura (às vezes bem generosa – por que não contraditória? – de diversas cepas. Nesses casos, é geladeira na certa!

Se você já entendeu tudo, pode parar a sua leitura por aqui. Mas abaixo eu deixo um alerta que eu fiz há mais de 2 anos.

 

A VERDADEIRA nomenclatura dos probióticos

Tenho certeza que você, seja como farmacêutico, nutricionista, médico ou até mesmo consumidor já deve ter ingerido algum lactobacilo em sua vida.

Em se tratando dos profissionais da saúde, esses costumam estudar ainda mais os efeitos dessas, como são chamados, micro-organismos do bem.

O motivo desse alerta é o seguinte: tenho observado frequentemente ações de divulgação de lactobacilos cuja nomenclatura é inexistente, ou muito ultrapassada.

Vendo isso tudo eu fico me perguntando: “-sendo essas bactérias classificadas de acordo com suas características individuais bem específicas, como é possível que ainda continuemos a adquirir insumos alimentícios, nutracêuticos e farmacêuticos que não correspondem à nomenclatura oficial?”.

Como que é realizado o processo de qualidade para a identificação dessas cepas de probióticos quando os mesmos chegam ao Brasil (uma vez que desconheço produtores desses probióticos e que sejam comercializados para as farmácias de manipulação?

Essa era uma dúvida frequente que eu tinha, que nossos clientes tinham, que meus seguidores do Facebook e Instagram sempre tiveram.

Pois bem, fui atrás de informações para esclarecer tudo isso e você pode conferir abaixo (inclusive compartilhar essa notícia).

Minha função, como consultor farmacêutico, como empresário do setor e até mesmo como profissional de saúde é de transmitir informações que julgo serem essenciais para o bom funcionamento de todo o mercado – e confesso que esse assunto tem sempre mexido comigo.

Acredito que o conhecimento nos faz crescer, faz modificarmos hábitos, atitudes e ainda nos faz influenciar positivamente ainda mais pessoas. Isso é um pouquinho do que posso fazer por você, como troca de tudo o que você, à sua maneira, tem contribuído comigo.

 

Confira abaixo as informações sobre os Probióticos:

Bacillus coagulans – Este é o novo nome do Lactobacillus sporogenes, pois foi classificado corretamente de acordo com sua taxonomia e pelo fato da tecnologia do DNA estar bastante evoluída é possível identificar corretamente a que tipo de gênero esta bactéria pertence (Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology – 2012).

Bifidobacterium lactis e Bifidobacterium animalis – Esta nomenclatura foi reclassificada em 2004, resultando no seguinte, conforme International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, e diretrizes internacionais:

  • Bifidobacterium animalis subesp. animalis
  • Bifidobacterium animalis subesp. lactis

Lactobacillus delbrueckii – Possui duas subespécies:

  • Lactobacillus delbrueckii subesp. bulgaricus
  • Lactobacillus delbrueckii subesp lactis.

Qual delas você realmente vende? Se você não sabe, é obrigação do seu distribuidor informar.

Lactobacillus casei, Lactobacillus paracasei e Lactobacillus rhamnosus – As nomenclaturas estão corretas.

Streptococcus thermophilus – Teve sua nomenclatura alterada em 1995 para Streptococcus salivarius subesp. Thermophilus.

Lactococcus lactis – Nomenclatura antiga: Streptococcus lactis. O nome Lactobacillus lactis não existe!! Possui 5 subespécies:

  • Lactococcus lactis subesp. Cremoris;
  • Lactococcus lactis subesp hordniae;
  • Lactococcus lactis subesp lactis;
  • Lactococcus lactis subesp lactis bv. Diacetylactis;
  • Lactococcus lactis subesp tructae.

Lactobacillus streptococcus faecium – Não existe!!!!!  Não existe nenhuma nomenclatura de Streptococcus faecium. O nome correto é Enterococcus faecium (os gêneros são distintos).

  • Bacillus clausii – OK
  • Bifidobacterium bifidum – OK
  • Bifidobacterium breve – OK
  • Bifidobacterium longum – OK
  • Enterococcus faecium – OK
  • Lactobacillus acidophilus – OK
  • Lactobacillus casei – OK
  • Lactobacillus fermentum – OK
  • Lactobacillus gasseri – OK
  • Lactobacillus helveticus – OK
  • Lactobacillus johnsonii – OK
  • Lactobacillus plantarum – OK
  • Lactobacillus reuteri – OK
  • Lactobacillus salivarius – OK
  • Saccharomyces boulardii – OK
  • Saccharomyces cereviseae – OK

 

Deu para você perceber o quanto existe de informação desencontrada?

O quanto podemos estar sendo influenciados por informações inverossímeis?

 

Só para finalizar:

Você sabia que temos mais bactérias em nosso intestino do que células em nosso corpo?

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